domingo, 25 de outubro de 2009

Music is my lover.


Li um dia desses no Escape, um post lindo e absoluto sobre música (Music is my boyfriend). E sobre como a música te faz seguir em frente, sobre a sensação de estar sendo compreendido, de poder seguir em frente. De ouvir a música e sentir a felicidade te invadindo, te completando, te restituindo. Ou de ficar triste. Ou sentir raiva.

Li sobre como a música é algo incrível, sobre como ela faz bem. E eu concordo, pois nada manipula alguém melhor do que uma música. Um bom artista transmite sentimento em sua obra. E é fantástico ter, em um pequeno aparelho, dezenas de dezenas de sentimentos. Dezenas e dezenas de memórias. É maravilhoso poder sentir saudade, ou raiva, ou alegria; ao ouvir uma pessoa cantar uma música, seja qual ela for. É mais maravilhoso ainda, é se sentir descrito ao ouvi-la.

E é tão curioso que, às vezes, por mais positiva que seja a música, passa uma mensagem triste. Estou me sentindo contraditória, mudemos de assunto.

Impressiona-me como uma música pode marcar um momento, mesmo sem que você perceba ou queira. Se ouço The Only Difference, do Panic! At The Disco, lembro-me da ex namorada de um amigo e de um acampamento que quase fui. Mas ao ouvir I Will Survive, da Gloria Gaynor, a lembrança é de uma peça de teatro incrível que assisti na sexta série. Eu só acho mágico ter um diário numa playlist, ou uma sessão de terapia ouvindo Jack Johnson. Se eu não conhecesse a música Scars, do Papa Roach, teria gasto uma pequena fortuna num divã, para entender que não é possível mudar ou esquecer o passado. Music is my lover, not my boyfriend, Jú.

Mas a melhor das sensações musicais é a de vazio. É de não existir, de ser só mais um corpo no universo, de não ser nada. E ser tudo. É aquela coisa de sentir seu coração batendo junto com a bateria, de não conseguir ouvir seus pensamentos, só a guitarra. De não precisar se mover. O que eu mais amo fazer ouvindo música é vegetar.

Simplesmente, pois estou o tempo todo ligada; pensando, agindo, respondendo, revisando, corrigindo, escrevendo, lendo, vendo, trocando, alimentando, limpando, organizando, consertando, filosofando, escutando, pedindo, esperando, observando, procurando, respirando, esquentando, andando, suando, estudando e outros gerúndios. E às vezes, a única coisa que quero é parar. Parar, ligar meu iPod no volume máximo, na música mais barulhenta e envolvente que tenho e desligar-me. Não dormir, nem meditar, desligar. Parar de funcionar. Ou, quando o caso é mais grave, ficar pulando feito uma louca, até descontar tudo o que estou sentindo no chão. Ou no espelho. Ou no papel. Ou simplesmente gritar o mais alto possível. Gritar mais alto que a música, gritar até alguém bater na porta e perguntar se está tudo bem, gritar.

Não tem coisa melhor do que ouvir música e não conseguir escutar o que está pensando. Sinto como se não fosse mais eu, como se não tivesse mais alguém morando em meu corpo; perco os sentidos, sou habitada por uma voz, seguida dos mais diversos instrumentos. Sou possuída pelo ritmo, mesmo sem saber dançar e... e a sensação de vazio se transforma em um liquido, que transborda e então me sinto ainda menor, como se não coubesse tantas emoções em mim. E a música começa a escapar por meus fios de cabelo, por meus dedos, por minha voz. Sinto-me plena, completa.

Agradeço todos os dias por não ter – ou saber onde comprar, ou saber se existe – um fone de ouvido à prova d’água e um snorkel. Se os tivesse, passaria o dia inteiro com a cabeça dentro de uma bacia ouvindo música. O mais alto possível. Seria incrível unir as duas sensações mais perfeitas do mundo. Não que exista alguma coisa que seja “do mundo”, já que o mundo é grande demais para ter um único “melhor” ou “pior”. Sei lá. E se eu pudesse escrever debaixo d’água ouvindo música? Nossa. Tenho que parar de pensar em como reproduzir o Eden na minha casa. Fato.

Music is not my boyfriend, afinal namorados são um problema. E exigem muito tempo e paciência. E machucam. E no fim vão embora. Music is my lover, pois o maior problema que um amante pode causar é não ser discreto o suficiente, e ser descoberto. Não, o amante não causa peso na consciência, o que causa é a ação de trair e isso não é culpa da secretária, ou do personal trainner gostoso. Apesar de que eu não traio, então não tenho como saber. Que seja.

Music is my lover. E que assim seja.

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Dedico esse post à Júlia, que é linda e absoluta e me inspirou a escrever tudo isso. E o meu querido iTouch, que é o melhor terapeuta da história, claro.

Escrito ouvindo We Are Golden, Mika

2 comentários:

  1. "Li um dia desses no Escape, um post lindo e absoluto sobre música (Music is my boyfriend)."
    MORRI MUITO quando li isso.

    HAHAHA, ela dedicou pra mim, HA.

    E você é tão foda, te entendo totalmente.
    Menos quando você fala que 'music is my lover'. Porque amantes não são tão pessoais como namorados. E música também te machuca, às vezes, acredite.

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  2. Music is my addiction .-.

    Tanto traz felicidade quanto termina de me afundar ><

    AMEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIII

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