domingo, 21 de março de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ano Novo

É, um ano novo. Mais um. Outro. De novo. Acho engraçado que no dia 31 de dezembro de 2010, todo mundo vai estar desprezando os 364 dias anteriores e desejando que 2011 seja melhor.

E que 2012 seja melhor; 2013 não, pois o mundo acaba antes disso. Ainda assim, todo ano as pessoas querem um ano melhor, já que no anterior, nem metade de seus sonhos se realizaram.

Todo fim de ano, multidões se vestem de branco, comem uvas e tomam champagne, como se isso fosse cooperar para que o ano seguinte seja O Ano de Suas Vidas.

O mundo se esquece que todo dia é um novo dia, que todo mês é um novo mês e que cada minuto só ocorre uma vez, em toda a eternidade. Agora, exatamente agora, faz um ano que foi 1 de janeiro de 2009, às 20:34:09.


Tive que interromper o post, pois meus tios tinham chegado. Agora são 11h35, do dia 2 de janeiro de 2010. Faz um ano que foi 11h35 do dia 2 de janeiro de 2009. E pronto, agora que são 11h36, estou em um ano novo. Gente, faz um ano que foi dia 2 de janeiro de 2009, às 11h36!

Cadê o champagne? Por que não ouço fogos? Cadê toda a minha familia me desejando um feliz ano novo? Cadê dezenas de mensagens no orkut/msn/sms me desejando sorte, paz, amor, felicidade, dinheiro e tudo mais? Cadê? Esse novo ano não importa?

Só se o ano muda e mudamos seus digitos, podemos comemorar?

Óh, meu deus! Eu estou com um pijama preto! Virei o ano de preto! Vou ter azar! Óh! Vou me matar ali do lado e já volto, não posso suportar saber que terei 365 dias de azar. Aaaaah.

Sinceramente? Eu acho válido as pessoas só celebrarem a mudança de ano uma vez. Mas não da forma com que celebram, desprezando o ano vovô e desejando a mesma pataquada do ano anterior, novamente.

E outra, quem disse que o ano só vira do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro? Se a terra é redonda e dá voltas em circulos, não existe um ponto de partida. Se existe, ninguém sabe qual é. Então, novamente, QUAL É O SENTIDO DE COMEMORAR O ANO NOVO SE A CADA SEGUNDO COMPLETAMOS OUTRO ANO?

Só aquela passagem que importa? E depois reclamam de preconceito! Olha isso! Somente o trecho entre 23h59 e 00h01 dos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro importa! TODOS os outros segundos são só mais alguns segundos.

Vamos comemorar? Agora são 11h47 do dia 2 de janeiro de 2010. Neste momento, eu tenho 14 anos, 7 meses e exatamente 2 dias! Afinal, eu nasci às 11h47!ÊÊÊ! Parabéns para mim. Ah, e há um ano eu tinha 13 anos, 7 meses e exatamente 2 dias!

Se é o que vocês, leitores imaginários, desejam, lá vai: Feliz 2010.

Mas ainda assim, revoltei.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Minha descrição no orkut costumava ser muito bonitinha. Com linhas e linhas sobre recomeçar, sobre saudade, sobre o passado e sobre meus sonhos. Com frases e mais frases do que eu constumava ser. Cheia de quotes vindas de um aplicativo do iTouch, que falavam filosofias de manicure como “People that are too weak to follow their dreams, will always find ways to discourage yours”.

Só que eu percebi que nem tudo que eu dizia continuava sendo verdade. Até porquê, a verdade é só uma mentira convincente. As mentiras que eu tinha escrito, não estavam convencendo mais.

Não convenciam, pois eu não confio mais em todo mundo. Eu não acho que para se ver o arco-íris, se tem que passar pela tempestade – o arco íris é uma coisa rara, quase ninguém vê. E quando vê,vê um risco de três cores embaçado no céu. Não tem graça.

Eu não acredito mais que tem gente muito boa e gente um pouquinho não-tão-boa. Existem pessoas más, sim, tolinhos. Pessoas manipuladoras, interesseiras e que, como alguns dos seres abissais, atraem a pessoa com luz, à morte. Gente que só quer machucar, só quer superar, só quer vencer. E não vê problemas em pisar em cima de amigos para conseguir isso.

E quando percebo isso, fico triste. Triste de verdade. Não queria aceitar que alguém pudesse querer acabar comigo. Só que tem gente que quer acabar comigo, sim. Muita gente. Afinal, quanto mais alto você vai, mais visível você fica, mais gente cobiça sua posição e maior é a queda.

É, a vida é um livro. Mas nem sempre é você que o escreve, pois nem sempre acontecem as coisas que você planejava. Aliás, você é só mais um dos 8 bilhões de personagens. Até parece que [i]alguém[/i] vai prestar atenção em você. Ou cuidar da sua felicidade. Você tem que se virar, amigo. Ninguém vai fazer isso por você. Estamos todos sozinhos.

Nada é eterno. Nada acaba. O fim é só um remédio, que faz com que as pessoas sintam-se saciadas. O fim é só um jeito que acharam para acabar com o a esperança, ou com o sofrimento.

O problema é que esqueceram que, independente do número de voltas que o mundo dê, sempre acabará no mesmo lugar. No mesmo começo para uns; no mesmo meio para outros. Mas nunca no fim.



Talvez eu só esteja deprimida, desiludida ou com raiva e por isso escrevi tudo isso. Talvez ano que vem eu releia todas essas linhas, escritas tão rapidamente, e perceba que só falei besteira.

Por enquanto, acho que vale a pena postar.

Mas não faço questão que leiam, pois escrevo para mim e publico para mim.

Até 2010.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Complicando Coisa Simples

O ser humano é um bicho que gosta de complicar, simples assim. Desde o primórdios, o ser humano gosta de complicar.


Se eu tenho um boi, tenho um boi. Se são dois, é um mais um. Simples, não? Se eu tenho dois bois e meu vizinho tem quarto, nós temos, juntos, seis bois, não uma média de três bois por pessoa. E a renda per boi não é de três bois. É de, simplesmente, dois bois ou quatro bois. Pra quê complicar coisa simples?


Outro exemplo: quero construir um teatro. Vou lá e construo. Se cair, caiu. Se não der certo, não deu e pronto! Se cinco operários morrerem na obra, eu eu eu, antes eles do que eu. Ia morrer mais cedo ou mais tarde mesmo. Oras.. E então um cara – de óculos, para parecer mais inteligente – chega para mim e fala que consegue calcular um monte de coisas e me falar como fazer para o teatro não cair. ANTES QUE EU O CONSTRUA. Tá bom que eu acredito que o tio vai conseguir, através de números, prever o futuro. Mano, pra quê? Qual é a utilidade de saber se o prédio vai cair ou não antes que ele caia? Se eu pudesse, eu mandava queimá-lo na fogueira, junto com os bruxos. O que ele fumou para falar que com NÚMEROS consegue prever o futuro? E alterá-lo. Ah, e para melhorar, ele fala que isso é uma profissão, que ele é um engenheiro. Arrãm.


Entende meu ponto? Alguém me explica o motivo de ficar complicando coisa simples?


Outro caso: a mulher não consegue engravidar. Daí os tios vão lá, pegam o óvulo, pegam o esperma, colocam num potinho, fazem a fecundação e colocam de volta na mulher. Pra que complicar? Se ela não consegue engravidar, é porque não é para engravidar e ponto. Qual é a duvida nisso? “Ah, mas eu quero, é o meu sonho”, ok. Perdeu. Nem todo sonho vira realidade, vai arrumar outro e deixa os médicos cuidando da própria reprodução.


Daí, uma pessoa cria um post para falar do blog de outra. E uma dezena de leitores inconformados em ver a líder sendo criticada, metem o pau no tio. Yey. Ele pensa uma coisa. Ela outra. Pra quê complicar? Sim, ela ficou chateada. Sim, ele estava inconformado. Ambos escrevem para expor as ideias. A vida segue, infeliz. Complicar pra quê?

A vida é uma coisa tão ridiculamente simples! Até isso o ser humano inventou de complicar. Você nasce, vive como quer e morre. Se quiser viver estragando a vida dos outros, ok. Que viva assim. Quem vai pagar pelo que ele faz, é ele. E se não pagar, não pagou! “Mas ele me machucou, partiu meu coraçãozinho que agora vive numa redoma... eu sofri por dez meses sem parar..”, amiga, sofreu porquê quis, ou você é fraca a ponto de não controlar o que sente? Êta bichinho complicado.. argh. Eu não estou dizendo que as pessoas devem ser más umas com as outras. Só que não há necessidade de complicar. Se foi mau, foi e pronto. E não é que “foda-se”. É que poderia ser tão mais simples.


O ser humano é um bicho complicado. Tão complicado que complica até na hora de explicar como dá para ser simples.


Daí, como se não bastasse a complicação que criamos para nós mesmos, os outros começam a complicar. E quando não conseguem complicar mais a vida deles, resolvem vir complicar a nossa. E então surge a tão famosa escola.


E então surge um amigo meu, que diz ter a solução para TODOS os problemas através de uma fórmula.

Fórmula é bruxaria. Mas antes que eu o mande à fogueira junto com o companheiro do terceiro parágrafo, aprendo que P+LC=PR². E percebo que até para simplificar, o ser humano complica.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vida Fácil

Quem: Buggy (14 anos) e seu irmão, Montanha (7 anos).

Onde: quarto aparentemente organizado, com um estojo e um caderno dividindo espaço com o monitor do computador e teclado. São Paulo.

Quando: uma tarde de dezembro, 2009.






MONTANHA: (entra correndo no quarto da irmã) Buggy, me faz uma coisa?


BUGGY: (sem tirar os olhos do computador) Hãn.


MONTANHA: Me ensina a ser você?


BUGGY: Hum?


MONTANHA: Eu quero ser você, Buggy, me ensina a ser você?


BUGGY: (olhando atentamente para o irmão) Não, Montanha, eu tenho ciúmes de mim mesma. Só

eu posso ser eu.


MONTANHA: Só me ensina, vai?


BUGGY: Não! (à parte) Por que ele quer ser eu? Logo eu?


MONTANHA: Eu quero ser você, Buggy. Sua vida é muito mais fácil que a minha.

sábado, 21 de novembro de 2009

Palavras?



Palavras? Que palavras? Traidoras, estas, que fogem no momento em que são mais necessárias? Que evaporam, secam e somem quando chamadas? Palavras estas desaparecidas? “Palavras, palavras!” procuram desesperados. Mas estas divindades só surgem aos que merecem aos cheios de voz. “Palavras? Palavras?”, tento novamente. Entretanto, a elas nunca serei mais do que muda, louca que grita em silêncio.

domingo, 15 de novembro de 2009

E só continuo, continuo só.

Em um segundo, estava do meu lado, olhando-me, sorrindo.

Logo depois, seu olhar perdeu o brilho e seu sorriso congelou. E então, vi-te cair, uma ultima vez. Deitou-se pela ultima vez. Nunca mais deitaria, nunca mais levantaria. Nunca mais, nunca mais.

É, engraçado como a vida pode ser. O jeito que ela lida com as pessoas, a noção que nos dá de começo, meio e fim.

Aprendemos que somos imortais, para então ver quem amamos morrer. Aprendemos que temos tempo, que não precisamos nos preocupar com o fim, para então, perder quem amamos.

Aprendemos que o fim, na realidade, é um novo começo. E então perdemos o contato com aqueles que já foram.

Aprendemos que fantasmas não existem, para então nos apegar em lembranças.

Aprendemos que saudade é uma coisa boa, um sentimento feliz, e então o vemos quem amamos padecer, diante de nossos olhos.

Aprendemos que a vida é bela.

E então te vejo falecer.

Aprendo, sozinha, que todos vão embora.

Que nem sempre o que nos ensinam é verdade. E que não importa quantas pessoas estejam do meu lado, continuo sozinha. Aprendo que minha única amiga de verdade é a solidão. E que nem sempre estou feliz, nem sempre estou triste, nem sempre estou saudável, nem sempre estou brava. Mas sempre, sempre, sempre, estou só.

E só continuo. Continuo só.

Em um segundo, estava do meu lado, olhando-me, sorrindo.

Logo depois, seu olhar perdeu o brilho e seu sorriso congelou. E então, vi-te cair, uma ultima vez. Deitou-se pela ultima vez. Nunca mais deitaria, nunca mais levantaria. Nunca mais, nunca mais.

É, engraçado como a vida pode ser. O jeito que ela lida com as pessoas, a noção que nos dá de começo, meio e fim.

Aprendemos que somos imortais, para então ver quem amamos morrer. Aprendemos que temos tempo, que não precisamos nos preocupar com o fim, para então, perder quem amamos.

Aprendemos que o fim, na realidade, é um novo começo. E então perdemos o contato com aqueles que já foram.

Aprendemos que fantasmas não existem, para então nos apegar em lembranças.

Aprendemos que saudade é uma coisa boa, um sentimento feliz, e então o vemos quem amamos padecer, diante de nossos olhos.

Aprendemos que a vida é bela.

E então te vejo falecer.

Aprendo, sozinha, que todos vão embora.

Que nem sempre o que nos ensinam é verdade. E que não importa quantas pessoas estejam do meu lado, continuo sozinha. Aprendo que minha única amiga de verdade é a solidão. E que nem sempre estou feliz, nem sempre estou triste, nem sempre estou saudável, nem sempre estou brava. Mas sempre, sempre, sempre, estou só.

E só continuo. Continuo só.

sábado, 14 de novembro de 2009

Minha (in)capacidade

Oi, priminhos (se no CF os leitores são irmãozinhos, aqui são priminhos. Hike: reclamou, apanha) do coração da titia (é, da titia. u____u)!

Escrevi alguns posts atrás sobre a minha total incapacidade e sobre o quão inutil eu sou. Inutil, redundante (não perguntem como uma pessoa pode ser redundante, çin?) e irrelevante.

Eu sou inutil, fato consumado.

Apesar de não cometer muitos erros quando escrevo, não tenho aquela coisa que envolve a leitura, que prende a pessoa. Talvez não eu seja tão ruim como achei que fosse, mas ainda não sou boa a ponto de me considerar boa.

Que seja.

Escrevo esse post para contar o porquê de continuar escrevendo. Quer dizer, se eu sou tudo que digo ser, por que continuo postando coisas naquela merda de Missão Princesa (e o divulgando!!!) e aqui?

Simples, priminhos, simples: às vezes eu sou reconhecida. Não reconhecida, reconhecida. Mas às vezes eu estou no Google. Ou no blog da critura mais fofa da história da fofura: Paulinha.

E, às vezes, eu encontro um post para mim, no blog dela. E isso me deixa ridiculamente feliz, me faz ver estrelas - não de dor, de felicidade.

Então, continuo a escrever.

Nem que seja só para falar aquela palavrinha mágica...

Obrigada.

Queriamos querer, mas não queremos.

Ela queria. Queria loucamente ter todo o tempo do mundo para passar com ele. Para gastar com ele.

Ele queria. Queria querer ter tempo para ela. Mas, infelizmente, nada sentia.

Ela queria. Queria cegamente estar em seus braços, assumir que o amava, acolhe-lo sempre que preciso.

Ele queria. Queria querer. Mas não queria, pois não controlava o que queria e o que não queria.

Ele não queria ve-la sofrer.

Ela não queria sofrer, de forma alguma! Ela não queria sofrer. No entanto, ela sofria. Sofria por saber que ele simplesmente não queria.

Ele queria. Queria querer. Mas não queria.

E não querer a fazia sofrer em silêncio.

Só que o silêncio o fazia ver que sofria.

E ao vê-la sofrer, não sofria.

Queria, queria sofrer. Mas não sofria.

Ele queria poder dizer que todo aquele sentimento era recíproco.

E ela queria ouvir.

Mas não ouvia. Pois ele dizer não dizia.

E se dissesse, mentiria

E mesmo se ele não mentisse, ela não acreditaria.

Afinal, deixou de acreditar que, algum dia, pudesse ser mutuo.

Não seria. Nunca seria.

E por isso, sofria.

E ele queria, queria, queria. Ele queria querer.

Ela queria que ele quisesse.

Mas...


Ele nunca quis de verdade.

Sempre, sempre, sempre.

Sempre.
Sempre.
Pois sempre.
Sempre.
Sempre.
Até o fim da eternidade,
Sempre.

Sempre,
Sempre contigo,
Sempre sozinha.
Sempre.
(14-11-09)
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mamãe Tubarão e Seus Tubarinos



Durante a tão conhecida semana do saco cheio, viajei com minha família para Recife, terra da minha mãe.

Ficamos hospedados na casa de meus padrinhos – que moram em um apartamento beira-mar, na praia de Boa Viagem (malz, gente) -, durante oito dias.

O mais agradável era pensar que, por conta da gripe suína, todas as pessoas da minha idade estavam enfurnadas em uma classe, tendo aulas. Eu, por outro lado, já estava com as passagens compradas e infelizmente (cofcofmentiracofcof), perdi alguns dias letivos.

Durante oito dias, minha maior dúvida era escolher entre a praia e a piscina. Minha maior preocupação era passar protetor solar e, minha maior diversão era ficar lendo os 6 livros que estavam comigo (além de um virtual, de um amigo). Minha maior vontade era comer mais uma tapioca e minha principal atividade era olhar o horizonte.

Ah, creio que é possível comentar que a única forma de tortura que funcionava comigo era a de dizer que em 7 (ou seis, ou cinco, ou quatro, ou três, ou dois, ou amanhã) dias eu iria embora.

Enfim, só queria descrever o paraíso, antes de contar da nossa maior aventura em Pernambuco.

A praia de Boa Viagem é linda, e como estávamos à turismo em uma semana normal, não tenho medo de afirmar que não havia praticamente ninguém disputando nosso espaço na areia.

Sempre uso a primeira pessoa do plural, refiro-me a mim e a minha mãe, que esteve comigo durante todo o tempo (e ajudou intensamente a tornar tudo inesquecível).

Voltando ao ponto: uma coisa que nos chamou a atenção foram as placas que haviam espalhadas pela praia, com avisos de “Cuidado com o Turbarão – Zona de Ataque”.

O fato de terem tubarões na água, naturalmente, não era o problema. E sim a disposição das tais placas.

Por que, em nome de Poseidon, haviam placas na frente da casa de meus tios, mas não dez metros à frente? Por que na casa de meus tios era perigoso se nadar e, se andássemos por dois minutos, não era mais? Como que eles sabiam que os tubarões não atacariam entre os prédios vermelhos? Hein?

Como eu e mamãe não tínhamos muito o que fazer, enquanto olhávamos o Montanha pular ondas e aguardávamos ansiosamente que ele aceitasse ir para a piscina (sem vendedores ambulantes, sem areia, sem tios chutando areia em nossos rostos e, principalmente, sem crianças nos molhando ao correr), começamos a criar hipóteses para a segurança da área em que estávamos.

Depois de horas e horas de reflexão e debates calorosos, chegamos à conclusão de que a mãe tubarão combinara com os tubarinos que eles tinham uma certa área para nadar. E que não deveriam, de forma alguma, invadir o pedaço dos banhistas.

Mamãe Tubarão: “Tubara, Tubis, Tubarito e Barãozinho, podem sair para nadar, só lembrem-se de ficar entre o prédio verde e a esquina da Magalhães, que é a nossa área, sim?”
Tubarinos: “Sim, mamãe!”
Mamãe Tubarão: “Não queremos ouvir mais reclamações. E não provoquem os turistas, certo?”
Tubarinos: “Certo, mamãe.”
Mamãe Tubarão: “Especialmente você, Tubis, que eu sei que adora meter medo nos cariocas”
Tubis: “Tá, tá, tá, mãe! Já ouvi!”
Mamãe Tubarão: “Ah, voltem antes da maré baixar, não quero que vocês fiquem presos nos arrecifes!”
Tubarinos: “Mãe!”
Mamãe Tubarão: “E não falem com estranhos!”

Tínhamos certeza de que a Mamãe Tubarão usava o mesmo esquema que nós usamos com o Montanha que, por estar vivendo o auge de seus sete anos, só podia nadar em uma determinada área.


Os dias se passaram, e estávamos felizes com nossa conclusão. Até que, na quinta feira, nos instalamos em na frente de um guarda-sol com dois salva-vidas .

_Fi, que tal você ir perguntar à eles das placas?
_Ah, Mã! Que mico. Eu morro de vergonha, você sabe.
_Mas.. vai ser divertido! E vai ser engraçado! Nós queremos saber, não queremos?
_Não, não queremos. Você quer, vai você. Oras...
_Filha, fala assim, ó: “moços, eu sou nativa daqui – ela começou, afinando a voz, na expectativa de imitar a minha -, coisa que vocês podem perceber pelo tom moreno da minha pele, e estava com uma duvida.. será que vocês poderiam me ajudar? É que eu estava me perguntando o por quê da localização das placas de aviso dos tubarões.. Quinze metros adiante é perigoso e aqui é seguro? Por que? É algum acordo que vocês tem com a Tubatuba? Que ela só deve nadar em algumas áreas? Eu e a minha mãe achamos que...” e daí você conta sua teoria! Nossa teoria! Vai, Fi! Vai ser engraçado. Eles não vão achar que você está os cantando e...
_Mamãe! – choraminguei.

Ela continuou falando, tentando me convencer. Uma hora conseguiu. Contra minha vontade, caminhei até a tal barraquinha.

_Oi, moços, com licença..
_Diga.
_É que eu não sou daqui e queria fazer uma pergunta... – senti meu rosto avermelhar.
_Faça.
_Por que as placas de tubarão não estão na praia inteira? Por acaso eles atacam ali e não se aproximam daqui?
_Então.. é que, na verdade, eles estão pela praia inteira. Só que nós colocamos as placas nos lugares com menos pessoas para que possamos agrupá-las, entende? Assim aumentamos o movimento em algumas regiões, assustando os tubarões e mantendo-os longe.
_Ah, tá. Eu e minha mãe achávamos que.. – e contei nossa teoria. Eles riram.

O que me deixou mais aliviada era que não eram bonitinhos, ou jovens. Só.. salva vidas.

E isso frustrou-me, já que sempre tive aquela visão de homens lindos, gostosos, fortes e.. aiai, ocupando esse posto.

Agradeci e voltei para minha esteira. Contei para mamãe de minha descoberta e ambas concordamos que nossa teoria era MUITO mais legal e que eles estavam mentindo para nós.


Honestamente? Fiquei com saudade da Mamãe Tubarão e de seus tubarinos.

Incapaz

Tenho lido frequentemente textos incríveis, de pessoas incríveis, em blogs incríveis. E isso acaba com o meu humor. Mas assim, acaba com estilo, pois depois que eu leio aquela enchente de metáforas, ideias, reclamações, sonhos e palavras, fico pensando no quão não-boa eu sou. Não sou ruim. Não escrevo mal. Pelo menos não mal a ponto de ser considerada péssima. Eu sei escrever, um pouco. E não, não estou sendo modesta, ou chata, esperando que digam que não, que sou ótima. Eu simplesmente não sou. Se sou, provem.

Bem, ao ler o que escrevem, perco a vontade – e a inspiração – de escrever. Nada que eu faça vai chegar aos pés do que leio. Isso frustra.

Viciei-me em Mario Quintana, pessoa que, pelo menos para mim, compete com Clarisse Linspector. Ambos brilhantes. Encanto-me. Fascino-me. E depois não consigo transformar toda essa admiração em palavras, coisa que me deixa ainda mais frustrada.

Que seja, vamos ao assunto do post: minha incapacidade.

Eu não sei dançar, nem cantar, nem tocar dezenas de instrumentos, não falo divinamente nenhuma língua e estou ficando insegura até pelo computador, que costumava ser meu refugio. Quer dizer, agora eu jogo duas palavras por frase no Eco4Planet (não uso mais o Google) para conferir a grafia e não postar errado. Não gosto de nenhuma atividade física - que não digitar. Mas eu não sei mais escrever bem. E isso não conta como exercício. Meu gosto musical é, basicamente, uma cópia do de meus amigos e eu leio mal em voz alta. Além disso, tenho o habito de roer unhas e não gosto de arrumar a cama. Sou um desastre em matemática e.. eu sou incapaz de assumir um monte de coisas, de me impor e de falar em público. Dedico-me principalmente a quem me rejeita e morro de vergonha de praticamente tudo. Sou incapaz.

A única coisa que me segurava eram as coisas que escrevia. Agora, nem isso mais tenho, pois descobri que não passo de uma pseudo-escritora. Ou de uma poseur-escritora, sei lá. Meu livro é um mar de futilidades em uma historinha infantil e adocicada. Esse blog é uma piada e meu conto... mano, meu conto é outro absurdo.


Eu sou incapaz. Cansei de escrever coisas ruins, e não sei o que fazer para melhorar, já que dou meu máximo e continuo não sendo boa o bastante.

Argh.

Se alguém ler isso – coisa que eu não acho provável, já que ninguém entra nessa droga -, vai me chamar de dramática, de exagerada, de ciumenta, invejosa e pá.

Eu não vou nem ouvir, também não sou capaz de ser essas coisas.

Agora, por favor, deixem-me viver meu momento Macabéa em paz.

Atenciosamente,

A Autora.